“Eu só vivia pros outros”: entre filhos, marido e trabalho, ela esqueceu de si — até o corpo pedir socorro

Ela cuidava de tudo e todos, menos dela mesma. Carla Soares, de 37 anos, manicure e mãe dedicada, passou anos se anulando entre as obrigações da casa, o trabalho no salão e as demandas do marido. A balança só subia, a autoestima descia — mas ela dizia que “não tinha tempo pra se cuidar”. Até que um dia, o corpo cobrou o preço. Um colapso inesperado a levou direto para o hospital. Foi ali, entre exames e lágrimas, que Carla entendeu: ou ela mudava, ou não estaria mais aqui pra cuidar de ninguém.

Por Ricardo Montalvão

18/04/2025 16h59 Atualizado há um dia

Entre o cansaço constante, a falta de autoestima e a sensação de estar se perdendo, ela ignorava os sinais do seu corpo até o momento em que não teve mais escolha.

Carla Soares, de 37 anos, manicure em um salão movimentado da zona leste de São Paulo, passou mais de uma década repetindo a mesma rotina exaustiva: acordava cedo, preparava o café dos filhos, organizava a casa, atendia clientes o dia todo e ainda cuidava do marido à noite. O tempo que sobrava era… nenhum. “Me acostumei com a ideia de que cuidar de mim era egoísmo”, diz ela.

Mas por trás do sorriso que exibia no salão, Carla enfrentava uma batalha silenciosa. O peso só aumentava, as roupas favoritas já não serviam, e o espelho passou a ser evitado. “Eu me escondia. Tinha vergonha até de me olhar. E quando meu marido tentava me elogiar, eu desconversava. Achava que ele só estava tentando me agradar por pena.”

A situação chegou ao limite quando, num dia aparentemente comum, Carla sentiu uma tontura forte, perdeu a força nas pernas e desmaiou no meio do expediente. Foi levada ao hospital às pressas. O diagnóstico foi direto: estafa física e emocional, agravada por excesso de peso e falta de cuidados com a própria saúde.

“Ali, deitada na maca, eu pensei: se eu morrer hoje, meus filhos vão lembrar de uma mãe exausta, apagada, que nunca se escolheu.”

Foi a partir desse susto que Carla resolveu mudar. Passou a enxergar o autocuidado não como luxo, mas como necessidade. Começou a se alimentar melhor, a reduzir carboidratos processados e a incluir pequenas caminhadas na rotina. Aos poucos, os números na balança começaram a cair — e a autoestima, a renascer.

Hoje, com 18 kg a menos, Carla diz que a transformação foi muito além do físico. “Aprendi que priorizar a mim mesma não significa deixar os outros de lado. Significa estar bem o suficiente para continuar amando, cuidando e vivendo com plenitude.”