“Eu só vivia pros outros”: entre filhos, marido e trabalho, ela esqueceu de si — até o corpo pedir socorro
Por Ricardo Montalvão
18/04/2025 16h59 Atualizado há um dia

Carla Soares, de 37 anos, manicure em um salão movimentado da zona leste de São Paulo, passou mais de uma década repetindo a mesma rotina exaustiva: acordava cedo, preparava o café dos filhos, organizava a casa, atendia clientes o dia todo e ainda cuidava do marido à noite. O tempo que sobrava era… nenhum. “Me acostumei com a ideia de que cuidar de mim era egoísmo”, diz ela.
Mas por trás do sorriso que exibia no salão, Carla enfrentava uma batalha silenciosa. O peso só aumentava, as roupas favoritas já não serviam, e o espelho passou a ser evitado. “Eu me escondia. Tinha vergonha até de me olhar. E quando meu marido tentava me elogiar, eu desconversava. Achava que ele só estava tentando me agradar por pena.”
A situação chegou ao limite quando, num dia aparentemente comum, Carla sentiu uma tontura forte, perdeu a força nas pernas e desmaiou no meio do expediente. Foi levada ao hospital às pressas. O diagnóstico foi direto: estafa física e emocional, agravada por excesso de peso e falta de cuidados com a própria saúde.
“Ali, deitada na maca, eu pensei: se eu morrer hoje, meus filhos vão lembrar de uma mãe exausta, apagada, que nunca se escolheu.”
Foi a partir desse susto que Carla resolveu mudar. Passou a enxergar o autocuidado não como luxo, mas como necessidade. Começou a se alimentar melhor, a reduzir carboidratos processados e a incluir pequenas caminhadas na rotina. Aos poucos, os números na balança começaram a cair — e a autoestima, a renascer.
Hoje, com 18 kg a menos, Carla diz que a transformação foi muito além do físico. “Aprendi que priorizar a mim mesma não significa deixar os outros de lado. Significa estar bem o suficiente para continuar amando, cuidando e vivendo com plenitude.”